A carreira solo do PMDB

04/05/2014 13:12

A carreira solo do PMDB

Por: Ferreira Jr.

O PMDB mandou no Ceará a partir de meados dos anos 80, com a filiação de Gonzaga Mota, até o fim daquela década, quando Tasso Jereissati e o então prefeito da Capital, Ciro Gomes, deixaram a sigla para não terem de apoiar Ulysses Guimarães. A partir dali, teve início uma década e meia de hegemonia peemedebista na Capital, sob o controle de Juraci Magalhães, mas de pouca relevância no Interior. No fim dos anos 90, Eunício Oliveira (PMDB) articulou a tomada do controle do partido de Mauro Benevides e deu início a um novo momento. Primeiro, com apoio de Juraci. Depois, os dois caciques romperam, o ex-prefeito se desfiliou e o partido – já uma força secundária no Estado, que fazia uma cômoda oposição que pouco incomodava – tornou-se irrelevante também em Fortaleza. Foi o fundo do poço, mas dali começou a se reerguer como sócio de uma das mais ambiciosas e bem arquitetadas empreitadas políticas que o Ceará já conheceu. Como coadjuvante, o partido passou a ocupar a luxuosa antessala do projeto de poder que – sobretudo nos primeiros quatro anos – menos teve opositores na história democrática do Estado. Foi absolutamente estratégico para o projeto dos Ferreira Gomes, em particular em 2012, quando o grupo rompeu com o PT para conquistar a Prefeitura de Fortaleza. Todavia, a vizinhança com o núcleo central do poder não mais satisfaz o partido, que, após quase uma década e meia, deseja voltar a ter protagonismo.

Isso já aconteceu com o próprio grupo dos Ferreira Gomes em relação ao PSDB. Desde que Ciro Gomes deixou o partido e construiu trajetória com mais autonomia em relação a Tasso Jereissati, sempre permaneceu como poderosíssima força política, influência e espaços generosos. Mas sempre como coadjuvante. Em 2006, decidiram que era hora de buscar o controle.

Isso é natural das grandes coalizões. Forças secundárias podem até se conformar em fazer figuração, mas os principais parceiros do poder uma hora haverão de ambicionar o controle da situação. Cheguei a tratar do assunto em fevereiro de 2012 (leia em https://bit.ly/1nbmER0). Como escrevi, fazer coligação significa ceder – “na política – como, aliás, em quase tudo mais – unir-se significa fazer concessões em nome dos benefícios que se irá extrair da parceria”. Em geral, parcerias são feitas entre forças que, sozinhas, teriam mais dificuldades em vencer as eleições. Então, pesa o pragmatismo: “Melhor dividir o poder que fazer oposição isoladamente”, escrevi na mesma coluna citada acima. E acrescentava: “Assim como se deu com Cid em relação a Lúcio (Alcântara), também PT e PMDB – cedo ou tarde – desejarão assumir o controle da situação”.

Com o PMDB fora do governo, o partido não apenas ficará livre para negociar com opositores. Essas conversas já vêm ocorrendo faz tempo, embora devam se intensificar. Além disso, será possível perceber com um pouco mais de clareza o discurso da candidatura peemedebista, uma absoluta incógnita até agora.

ARQUITETO QUESTIONA META DE PROJETO DE ARBORIZAÇÃO DA PREFEITURA

O professor e arquiteto José Sales comentou o projeto da Prefeitura, aqui abordado ontem, para dobrar a cobertura vegetal per capita em Fortaleza. Ele reforça que, conforme dados do Inventário Ambiental de Fortaleza 2003/2003, que o próprio Sales coordenou, há 3,9 m² de verde por habitante. “Para chegamos a oito m² por habitante, precisaríamos de aproximadamente mil hectares de cobertura vegetal em Fortaleza, equivalentes a dimensão aproximada de quase um novo Parque do Cocó”, aponta. Ele diz que, portanto, deveria haver algo como 500 mil a 700 mil novas árvores (500 a 700 árvores por hectare são a recomendação da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana, explica o professor. “As 35 mil novas árvores prometidas seriam um início de um trajetória. Algo da ordem de 5% da necessidade atual de Fortaleza”, aponta.

Sales ressalta ainda que “nenhuma árvore sobreviverá a poda criminosa e posterior ‘retirada por arrancamento’ com este grotesco padrão que foi utilizado pela Prefeitura”. Ele disse que acompanhou no local esse “crime ambiental” e fez mais de 200 imagens – uma delas acima – que comprovariam isso.

SOMBRA E ÁGUA FRESCA

Para segurar o tranco da maratona que se anuncia com Copa e eleições, saio hoje para alguns dias de férias. Nas próximas três semanas, deixo-os na companhia de Plínio Bortolotti. Tratem-no bem enquanto eu estiver fora.

Fonte: O Povo

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