Delator da Lava Jato diz que pagou cerca de R$ 7 milhões para Dirceu
23/01/2016 09:59
Delator da Lava Jato diz que pagou cerca de R$ 7 milhões para Dirceu
Por: Ferreira Jr.
O delator da Operação Lava Jato Júlio Camargo afirmou na sexta-feira (22) em interrogatório na Justiça Federal do Paraná que fez pagamentos de cerca de R$ 7 milhões oriundos propina para o ex-ministro José Dirceu.
Segundo o lobista, já condenado em dois processos, os recursos foram pagos para emissários de Dirceu, e através de horas de voo em aeronaves de Camargo.
Interrogatório
Além das condenações, Júlio Camargo ainda é réu no processo que apura a participação de José Dirceu no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato. O interrogatório é a última etapa antes das alegações finais, que precedem a sentença. José Dirceu será interrogado na próxima sexta-feira (29).
“Não era propina”
O advogado Roberto Podval, que representa o ex-ministro, afirmou que os valores recebidos por Dirceu não eram propina. “Todos os pagamentos feitos e recebidos por ele foram por conta de serviços prestados. Não é verdade”, disse.
Duque
Questionado pelo juiz Sérgio Moro, Júlio Camargo disse que os pagamentos para José Dirceu foram feitos a pedido do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque. O delator disse que tinha uma conta corrente junto com Duque e o ex-gerente de Serviços Pedro Barusco para pagamentos de propina. “Num momento Renato Duque me chamou e disse, Júlio, da nossa conta corrente eu quero que você destine R$ 4 milhões a José Dirceu”, relatou. A defesa de Renato Duque não atendeu às ligações da reportagem.
Representante
A partir de então, o delator diz que foi procurado por outro operador, Milton Pascowitch, que se apresentou como representante de José Dirceu e estabeleceu um cronograma de pagamentos. Deste total, R$ 2 milhões foram pagos entre 2008 e 2009, e R$ 1 milhão em 2010, sempre em dinheiro retirado por emissários de Dirceu, nunca pessoalmente por ele. “O saldo de R$ 1 milhão foi feito numa conta de afretamento de aviões que o ministro utilizava e que eram de minha propriedade”, detalhou. Esses pagamentos já haviam sido mencionados por Camargo em outro depoimento à Justiça.
Comissão
Além desses pagamentos, porém, Júlio Camargo disse nesta sexta que fez repasses de uma comissão que recebeu por intermediar um negócio de uma empresa de tubos com a Petrobras, na qual contou com apoio de Renato Duque. “Fui chamado novamente pelo Duque e ele disse que metade dessa comissão eu tinha que destinar ao José Dirceu”, disse.
Por esse contrato, Júlio Camargo disse que repassou cerca de R$ 3 milhões para emissários do ex-ministro. Ele não soube precisar as quantidades, mas disse que neste caso o repasse também dividido entre entregas de dinheiro ou horas de voo.
Outro lado
O advogado de José Dirceu, Roberto Podval, disse que todo o dinheiro que o ex-ministro recebeu foi em função de serviço prestado, com nota fiscal emitida. Afirmou ainda que Dirceu não recebeu propina de Júlio Camargo e que tem a impressão de que as pessoas se favorecem nas delações usando o nome de José Dirceu.
Com informações do G1