Duas décadas a passos de formiga

17/11/2011 23:57

Duas décadas a passos de formiga 

 

O Ceará avançou nas últimas décadas e o Censo de 2010 atesta isso. Mas a evolução é vagarosa demais. O ritmo fica muito aquém do que o Estado precisaria para superar sua histórica desigualdade em relação à média brasileira – já muito ruim. A evolução dos indicadores entre os censos de 1991, 2000 e 2010 permite compreender o que aconteceu no Ceará entre o governo de Ciro Gomes (1991-1994), os dois últimos governos de Tasso Jereissati (1995-2002), a gestão de Lúcio Alcântara e o primeiro mandato de Cid Gomes (1997-2010). A sequência de governos de PSDB e PSB fez do Estado um lugar menos miserável e melhor para se viver. Mas isso apenas quando comparado à calamidade de antes. A situação está longe de ser aceitável.


INDICADORES DE ANALFABETISMO TRADUZEM NOSSA TRAGÉDIA

Observe-se, como exemplo, a taxa de analfabetismo. Em 1990, o Estado tinha a quinto maior percentual de analfabetos do Brasil. Nesse meio tempo, houve universalização do ensino fundamental, foram construídas escolas e contratados professores. E houve greves, muitas greves. O Provão foi adotado e depois abandonado. O modelo de teleaulas foi implantado e abolido. Com todos os erros e acertos, o Ceará saltou da quinta para a... sexta posição entre os estados com maior índice de analfabetismo. Melhorou apenas uma colocação. Nos últimos dez anos, a taxa cearense caiu de 24,7% para 17,2%. A melhora foi de 30,3%, quase igual à marca nacional – 29,7%. Isso significa que o Ceará praticamente não conseguiu reduzir seu desnível em relação ao restante do País. Os 17,2% de analfabetismo entre cearenses ainda são quase o dobro da média nacional - de 9%. Além disso, não há sequer um estado fora do Nordeste que tenha indicadores educacionais tão ruins. O percentual é similar ao de Botsuana, na África.
 

REFLEXO EM OUTROS SETORES

Como se haveria de se esperar, maus indicadores educacionais não estão isolados. Observe-se o caso do índice de Gini. O número mede o grau de desigualdade de renda. Quanto mais próximo de zero, menor a desigualdade. Já o valor um representa o desequilíbrio absoluto - uma só pessoa detém toda a renda da sociedade. Portanto, quanto menor o valor, melhor o cenário. E, como em tudo o mais, o Ceará também reduziu a desigualdade. Mas, da mesma forma, em ritmo muito lento para reduzir o desnível na comparação com o restante do País. Enquanto o o índice de Gini estadual caiu 18,4% em duas décadas, a média nacional de redução foi de 17,3%. Mesmo com a evolução similar à média brasileira, o Estado conseguiu melhorar sua colocação significativamente. Não que esteja em posição brilhante: é o 13º mais desigual do Brasil. No entanto, em 1991, ocupava o vergonhoso terceiro lugar. Já na mortalidade infantil houve o maior avanço conquistado pelos cearenses. Ainda assim, os menores de um ano de idade ainda representam 3,5% dos óbitos. A média brasileira permanece ligeiramente melhor: 3,4%.

Em síntese: o Ceará melhorou. Em algumas situações, de forma considerável. Mas muito aquém do que mostrava a propaganda dos sucessivos governos. Permanece um estado miserável, com longo caminho a percorrer.


O RESULTADO DAS MARCHAS

Manifestações de rua foram importantíssimas ao longo da história, e ainda cumprem relevante papel político. Está aí a Primavera Árabe para comprovar isso. Entretanto, as marchas brasileiras contra a corrupção erram em seu foco - ou falta dele. Mobilizações do gênero servem para mostrar o apoio a uma bandeira ou a rejeição a algo. Elas influenciam as correlações de forças quando há enfrentamento. No caso da corrupção, entretanto, não há ninguém que coloque a cara para defender publicamente a roubalheira. Por mais venal que seja o sujeito, ninguém se assume contrário à ética. Todos fingem que os recentes protestos não são com eles. Jamais os ladrões dos cofres públicos se organizaram em passeata. Agem com outros métodos, e, portanto, com outros mecanismos devem ser combatidos - com fiscalização e punição a quem é apanhado. Esse tipo de manifestação sem adversário que o Brasil tem vivido a cada feriado é absolutamente inócuo. Como não colocam a carapuça em ninguém, também ninguém a veste. Se quer ir às ruas - e é importante que vá mesmo - é bom a nova geração de ativistas definir seus alvos. Ou então, os atos serão apenas formas de passar os feriados. E, convenhamos, há opções mais atraentes.
 

ACOMPANHAMENTO DOS PACTOS

O Conselho de Altos Estudos da Assembleia Legislativa empossa hoje os membros da Câmara Técnica de Acompanhamento e Avaliação das Políticas Públicas. Será a instância responsável por acompanhar o encaminhamento das propostas que saíram do Pacto das Águas, Pacto pela Convivência com o Semiárido e Pacto pela Vida, voltado ao combate às drogas. Os pactos foram conduzidos ao longo dos últimos quatro anos

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